Neste final de ano, um brinde ao que ninguém brinda.
Um brinde aos que ninguém brinda.
Um brinde aos que estão de saída da nossa vida por não terem vindo por bem.
Um brinde ao que veio para nos desarrumar e nos fez perceber que o que conta não é o que temos mas os que temos.
Um brinde ao que se acabou para dar lugar ao que está para começar.
Um brinde aos que ficam na mesma. Que não mudam com as luas nem com as marés.
Um brinde aos que não se preocupam em tirar fotos das suas viagens porque sabem que o mais importante não se vê nas fotografias.
Um brinde aos que têm a coragem para dizer a verdade e para viver só com o que é seu.
Um brinde aos que não fogem quando a noite poisa e que sabem que, mais dia menos dia, há de ver-se a luz.
Um brinde aos que deixaram tudo para ir atrás de um sonho e aos que não quiseram saber do que era suposto.
Um brinde aos que julgam ter perdido tudo.
Um brinde aos corajosos de quem ninguém fala. Os que andam pelo mundo a sossegar as feridas que os cobardes e os corruptos fizeram.
Um brinde aos que estão para chegar à nossa vida e que ainda não conhecemos. Que saibam que não vai ser fácil. Nunca é fácil entrar na vida de alguém.
Um brinde aos que voltaram a acreditar.
Aos que adormecem a pensar em maneiras bonitas de mudar o mundo.
Aos que reviram os olhos quando alguém não lhes apetece.
Aos que nos fizeram ser o que somos hoje.
Aos que nos fizeram e fazem falta.
Aos que não fazem falta nenhuma.
Um brinde ao que ainda não vemos mas que está guardado para nós.
Um brinde a tudo. Ao que tiver que ser.
~ Marta Arrais