Ao homem da minha vida que é o homem da minha vida, todos os dias, sem parar, porque quando há algo tão bom como amar alguém para fazer todos os dias não o fazer não é timidez; é estupidez.
À minha mãe que é a velhota mais adorável que o mundo poderia conhecer e que quando me olho para a frente e me vejo como ela acredito que a velhice até pode mesmo ser a coisa mais linda de sempre.
Ao meu pai que pode parecer um durão mas que eu sei e sei que ele sabe que não é durão nenhum, é apenas um piegas de primeira ordem, que quando se deita sem a mulher que ama chora que nem um bebê, e ainda bem, que uma pessoa que não chora que nem um bebê sempre que não tem o amor ao lado não é pessoa nenhuma.
Aos meus amigos que são apenas dois e que só são apenas dois porque depois de tê-los na minha vida todo o resto parece pouco, e que a amizade é uma forma de amor em que não existe exclusividade mas quase, e quando se tem dois amigos assim não se precisa de mais amigos nenhuns porque o que tenho para gostar de alguém está gasto e mais que gasto, e felizmente.
Ao que dói que vai passar, que tem de passar, que só pode passar, pelo simples fato de que tudo passa, até o que é mau, e que muitas vezes o que nos faz parar é o que faz andar, e amar, perdoe a redundância e a felicidade.
Aos que deixaram de viver que eram importantes, que precisava deles e que dói como se me agarrassem a carne por dentro me lembrar do que fomos e já não podemos ser, do que poderíamos viver e já não podemos viver, do que deixamos por fazer e que mesmo assim vivemos tudo o que havia para viver.
Ao espelho que era tempo de dizer basta quando basta tinha de ser, quando estava fazendo o que não devia fazer, que estava cedendo no que não devia ceder, que estava aguentando o que não conseguia suportar, que estava esticando o que só podia rebentar, procurando o que não podia encontrar, me magoando no que não podia senão magoar, procurando a salvação no que só podia trazer queda, voo no que só podia significar desastre.
A você que ainda vai ter tempo de dizer o que eu não disse.
Vai.
Diz.
~ Pedro Chagas Freitas